Com fomento do FAC – Fundo Apoio à Cultura do Distrito Federal, a artista grafiteira Juliana Borgê lança o projeto

Caliandras Urbanas

Iniciativa de ocupação de espaços urbanos com criações – em pintura de grafitti – realizadas por artistas mulheres

            A arte possui um papel significativo ao representar movimentos históricos e mudanças sociais. Entretanto, observa-se uma ausência das mulheres na produção artística, nos espaços de fruição, tanto urbanos quanto fechados, sejam eles públicos ou privados.

            Propõe-se, neste sentido, com a realização de Caliandras Urbanas – priorizar a apropriação de espaços urbanos a partir da produção artística feminina e sua estética, como protagonistas. O espaço escolhido pelo projeto foi a Casa de Cultura do Guará, onde ocorrem as oficinas formativas e pintura de parede.

            Com esta ocupação, o projeto busca refletir sobre locais públicos, onde paisagens cinzas e abandonadas possam ser ressignificadas, fazendo surgir uma nova perspectiva de cidade. Neste contexto infere-se a importância da valorização cultural e o empoderamento de mulheres artistas grafiteiras, personagens centrais de Caliandras Urbanas.

            A fonte de inspiração para a composição deste projeto foi o grupo Guerrilha Girls que começou suas atividades em 1985, em Nova Iorque-EUA, e sua principal característica é o combate ao sexismo e ao machismo na arte. Este grupo de mulheres faz com que a sociedade reflita, trazendo um olhar igualitário e consciente.

Para Juliana Borgê, “trazer criações de mulheres para projetos culturais é indispensável, uma vez que, historicamente, o lugar da mulher no contexto artístico é reservado ao status de objeto”, ressalta a artista produtora. O levantamento feito em 2017, pelas Guerrilha Girls apontou que no Museu de Arte de São Paulo apenas 6% dos artistas do acervo em exposição são mulheres, mas 60% dos nus são femininos.

A professora Ana Paula Simione da USP apresentou indicadores do mercado de arte e museus para exemplificar aspectos da sua apresentação. Comparativamente ao acervo do MAC/ USP, mostrou a presença feminina em coleções como a de Freitas Vale, que tem sete mulheres entre 113 nomes de artistas (6,19%) do período Modernista. A Pinacoteca tem 321 mulheres entre 1588 nomes (20%); a de Inhotim possui 22 mulheres entre os 99 artistas (22,22%); e a coleção Mário de Andrade tem 22 mulheres entre 135 nomes (17%).

Assim, “dar oportunidade a um gênero com igual capacidade de realização e poucas oportunidades de criar suas próprias obras é uma das contribuições deste projeto, utilizando sobretudo o conceito de arte urbana, reconhecida como arte de vanguarda e que aos poucos ganha terreno”, demarca Juliana.

Iniciadas nesta semana, Caliandras Urbanas vem oferecendo oficinas gratuitas e online em diferentes técnicas de arte urbana, sendo de Fotografia Urbana, com Gabriela Mutti; Xilo & Stencil, com Juliana Borgê; e de Grafitti, com Didi Colado. A segunda etapa das oficinas será presencial, nos dias 19 e 20, na Casa de Cultura do Guará.

Podem participar das oficinas mulheres de 14 a 50 anos de idade, residentes no Distrito Federal, e preferencialmente na RA do Guará. Link para inscrições: forms.gle/X2tRJjKmEM5S74BV7

Ainda neste mês de fevereiro, a artista Brix Frutado vai grafitar pontos de ônibus do Guará, uma ação promovida pelo projeto.

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